"Em treinamentos de grupo, homens são 75% mais propensos a falar do que mulheres, e quando uma mulher fala, é estatisticamente provável que seus colegas homens irão interrompê-la ou falar mais alto do que ela. Não é porque são rudes, é ciência. A voz feminina é cientificamente comprovada de ser mais difícil para um cérebro masculino registrar.
O que isso significa? Significa que, neste mundo em que homens são maiores, mais fortes, mais rápidos... se você não estiver pronta para brigar, o silêncio irá te matar.
Não deixe o medo te silenciar. Você tem uma voz, então use-a. Fale. Levante suas mãos. Grite suas respostas. Faça-se ouvir. Seja o que for, ENCONTRE SUA VOZ e, quando o fizer, preencha o maldito silêncio."
— Meredith Grey, Grey's Anatomy
Nós, mulheres, sabemos o quanto é difícil ser ouvida na sociedade. O nosso “não” não vale nada. Inventam formas de convencer o mundo de que o nosso não, na verdade, é sim. O nosso talvez, com certeza, é sim também. Não temos o direito de não querer alguma coisa. O nosso argumento também é invalido. Se um homem repete exatamente o que você disse, as chances dele ser ouvido no teu lugar são infinitamente maiores do que as de você receber algum crédito pelo que acabou de dizer. Nossas revoltas são consideradas “surtos”. Somos chamadas de loucas.
Fazem o possível para que, realmente, pareçamos loucas. E às
vezes, até, nos sintamos loucas.
Em resumo, ser mulher e querer ter voz, querer opinar,
querer discutir é, basicamente, uma luta por dia. Matar um leão por vez. Toda mulher (e quando digo TODA é porque eu realmente
desconheço uma que nunca) já passou por uma situação na qual aquilo que ela
dizia simplesmente não era levado em consideração.
Na verdade, isso começa cedo, lá naquela festinha, aos 11
anos, na qual um cara chega na menina, querendo alguma coisa a mais e ela diz: “na
boa? Eu não to afim”. E o cara pergunta: “mas você namora?” como se fosse a
única desculpa possível para que você não estivesse afim dele. Porque claro, como é que uma mulher na Terra poderia não
estar afim dele?
Então você precisa justificar. Mas não é qualquer
justificativa não. Se o argumento não for um namorado – e se esse namorado não
estiver presente para PROVAR que você está dizendo a verdade – não vale. Ele
vai continuar te perturbando a noite toda. Quem nunca ouviu um “eu só te solto
quando você me beijar?”
E a gente costuma achar que é normal. Com essa idade, eu
achava que era uma fase, que os meninos eram assim mesmo, que era engraçado
usar uma aliança de mentira só pra poder ter um pouco de paz ao sair com as amigas
sem nenhuma outra pretensão. E, de verdade, eu achava que ia passar. Eu achava que as
coisas mudariam um dia.
Mas aí a gente cresce pra se deparar com a mesma situação,
de novo e de novo e de novo. A gente cresce para receber ataques – verbais,
físicos, psicológicos - todas as vezes em que dizemos “não”.
Não quero. Não vou. Não estou afim.
Ninguém aceita. As mulheres não tem o direito de não querer (ou
de querer) alguma coisa. As mulheres não podem ter vontades próprias.
Então, a gente vai descobrindo que, além de não escutarem as
nossas vontades, de não aceitarem os nossos desejos, também não aceitam as
nossas opiniões. Só quem é mulher sabe, realmente, o que isso significa e
quais são as consequências de ser desacreditada constantemente. O tempo todo. Você
argumenta, você sabe, você mostra e, ainda assim, muitas vezes não é
suficiente. E você nota, ainda, que se um cara disser exatamente o mesmo que
você disse, ele com certeza será mais ouvido do que você.
E é por isso que as mulheres negam tanto que homens se proclamem feministas. Porque o espaço é nosso, o movimento é nosso e, toda vez que um homem fala, ele é mais escutado que nós: que sofremos assédio, que temos medo de estupro, que não temos voz. E as pessoas não tem ideia do quão prejudicial isso é. Estão constantemente tentando desacreditar nossos argumentos justificando que somos “loucas”. Desequilibradas. E isso não é só com as mulheres que se “assumem” feministas, mas sim com todas nós. Qualquer coisa que você ouse dizer que, de qualquer forma, tire o privilégio do homem – seja estar certo em uma discussão, “perder” (em argumentos num debate, um cargo, o que seja) para uma mulher, não poder chamar uma desconhecida de “gostosa” no meio da rua – automaticamente farão o possível para que seja ignorado.
Entende por que você não é ouvida? Porque você é
completamente histérica.
Imagem do Google - Catraca Livre |
Não somos. Nós temos direito de conquistar todos os espaços
que desejarmos. Nós temos o direito de falar o que bem entendermos. Nossa opinião
importa, assim como nossas vontades importam também.
Não me calo mais.
Antes me chamarem de feminista “louca”, do que de mulher omissa.
* todos os termos “louca” foram colocados entre aspas porque
eu detesto o uso do mesmo, mas em nome da realidade, não tive como fugir.
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