Equidade no mercado de trabalho, combate à violência sexual e doméstica, empoderamento feminino, aborto, ruptura de hierarquia de gênero e liberdade sexual são apenas algumas das lutas e temas que pautam as discussões dentro do feminismo. Num primeiro momento, a documentação do feminismo como movimento social e a disseminação das pautas defendidas pelas mulheres foi buscada como uma forma de legitimar e difundir os ideais do movimento, estimulando o debate e a articulação das mulheres que se reuniam em torno de um mesmo propósito. Na década de 70, quando redes sociais, serviços de streaming e internet eram sonhos distantes, a mídia alternativa entrou em cena e jornais foram criados no intuito de dar visibilidade à causa.
De lá pra cá muita coisa mudou - ainda bem-, e muito embora mulheres escrevam sobre mulheres e problematizem as bases e preceitos da sociedade patriarcal em que vivemos desde muito antes de 1970, a voz feminina tem conquistado mais espaços e se propagado com uma velocidade e alcance muito maior. Prova disso são os inúmeros livros, filmes, seriados e documentários produzidos que se propõe a expor essa história de resistência, a discutir questões como autonomia reprodutiva e, principalmente, a representar de forma honesta e livre de estereótipos a figura da mulher por meio da criação de personagens femininas com as quais as mulheres possam realmente se identificar.
Foi pensando na importância de alcançarmos cada vez mais mulheres que fiz uma lista de livros, filmes, etc pra indicar pra vocês. Então se você se interessa pelo assunto e não sabe por onde começar, se você não tem o que fazer e está procurando uma dica legal pra alegrar seu domingo de verão ou se o Google te trouxe aleatoriamente até aqui, esse post é pra você.
- Séries
Broad City: Abbi e Ilana são duas sem noção, e isso não quer dizer que nós as odiamos, mas sim que as amamos justamente por isso. A série é escrita e feita por mulheres (Abbi Jacobson e Ilana Glazer, mais um pontinho pra elas) para mulheres. Tão pobres e ferradas quanto as protagonistas de Two Broke Girls, as duas trazem um baita alívio cômico e a leveza que o tema ser jovem e não saber o que está fazendo com a própria vida mas fazer algo mesmo assim tanto pede A cereja do bolo? Amy Poehler como produtora executiva.
The Mindy Project: A sexualidade feminina talvez seja um dos assuntos que mais sinto falta de ver representada de forma despretensiosa e real, e aqui esse assunto não é tabu. A naturalidade na abordagem vem do fato de estarmos falando sobre uma comédia escrita e protagonizada por mulheres que, ponto importante, não são brancas, e todas nós sabemos que representatividade importa sim senhor.
+: Parks and Recreation, Jessica Jones, The Killing, Scandal, The Fall, Bob's Burger, Code 37, Masters of Sex, The Good Wife, How to Get Away with Murder, Orange Is the New Black, Garfunkle & Oates, Grey's Anatomy.
- Filmes e documentários
Persépolis: Esse filme me ensinou muitas coisas sobre o feminismo. Tudo começou com uma graphic novel autobiográfica de Marjane Satrapi e acabou se transformando numa das animações que mais me cativaram ao contar a história de Marji, obrigada a usar o jihab aos 10 anos de idade. A personagem a todo momento aponta e questiona a diferenciação nas regras impostas para homens e mulheres nos ambientes pelos quais transita, e condena o discurso paternalista que desmoraliza a figura feminina dentro do contexto do Regime Islâmico e da sociedade iraniana.
A Cor Púrpura: Baseado na obra de Alice Walker, em que a autora conta a história de Celie, uma jovem negra abusada sexualmente pelo pai e presa em um relacionamento abusivo. A trama se desenvolve por meio das cartas escritas pela protagonista, evidenciando o sofrimento da mulher negra e sua luta em uma sociedade machista e racista.
+: As Sufragistas, A Fonte das Mulheres, As Horas, Histórias Cruzadas, Flor do Deserto, Frida, Juno, Livre, Mulan, O Sonho de Wadja, Sylvia, Thelma & Louise, As Pequenas Margaridas, Nosso corpo nos pertence, What happened, Miss Simone?, Mercedes Sosa, Domésticas, Girl Rising, O corpo das mulheres.
- Livros
Um teto todo seu: Esse livro da incrível Virginia Woolf foi um dos primeiros que li sobre feminismo, e até hoje considero uma das leituras mais leves sobre o assunto, mesmo que as mais cruéis constatações sobre a vida da mulher em uma sociedade patriarcal sejam feitas. Resultado de uma série de palestras dadas pela autora na década de 20, os temas abordados por ela nos capítulos que dividem a obra vão do ódio masculino pelo gênero feminino, passando pela dificuldade das mulheres em se fazerem presentes nos círculos mais intelectualizados da sociedade, relatando ainda com honestidade e livre de estereótipos o amor entre duas mulheres.
Memórias da Transgressão: Sendo completamente parcial, digo que vocês precisam ler esse livro que reúne uma série de artigos escritos por Gloria Steinem. A autora faz denúncias importantes e discorre sobre os mais variados assuntos, desde transexualismo à direitos humanos e mutilação genital. Destaque para o artigo "Se os homens menstruassem".
+: O mito da beleza - Naomi Wolf, Sejamos todos feministas - Chimamanda Ngozie Adichie, Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade - Judith Butler, Três Vidas - Gertrude Stein, Um útero é do tamanho de um punho - Angélica Freitas, O segundo sexo - Simone de Beauvoir.
Bordados: Outra graphic novel de Marjane Satrapi, em que a autora utiliza o hábito que as mulheres de sua família tinham de conversar entre si após o almoço como forma de colocar a mulher na posição não somente de protagonista de sua própria história, mas também de narradora. Os diálogos entre as personagens da história podem ser diferentes daqueles que você está acostumada a ouvir desde criança entre as mulheres da sua família, mas ambos tem um denominador comum: o ponto de vista feminino.
Orquídea Negra: Essa é pra quem gosta de histórias de super heróis, porque estamos falando de Neil Gaiman (um dos meus autores favoritos de todos os tempos) contando a história de Susan Linden e suas incríveis vidas. O que mais gosto nessa minissérie de três partes é o fato de que a protagonista se recusa a aceitar a identidade a ela atribuída pelo nosso velho amigo Batman, jamais se autodenominando Orquídea Negra, questionando assim uma prática tão comum na sociedade patriarcal em que vivemos: a da crença por parte dos homens de que eles tem o direito de dizer a nós mulheres quem e como devemos ser.
+: A-Force, Capitã Marvel, Sonja, Fun Home, Princeless, Mafalda, Anna Bolenna - A perturbada da corte, Menina não pode, Habibi, Mulher Maravilha, Rat Queens, Anya's Ghost, O paraíso de Zahra, The Brinkley Girls, Garota Siririca.
*A maioria das indicações acima possuem o selo li/assisti e recomendo fortemente de qualidade.
Primeiramente, gostaria de dizer que eu estou apaixonada por tudo isso aqui. Já se tornou meu blog de cabeceira.
ResponderExcluirEu gosto muito de assistir obras que tenham mulheres em destaque, seja nos bastidores ou na frente das câmeras. Ja assisti boa parte dos filmes e séries indicados, e os que ainda não vi já estão na lista.
Dos livros, eu ainda preciso me atualizar, não conheço algumas dessas escritoras. Mas to namorando o "Meio Sol Amarelo" da Chimamanda, conheci o trabalho dela na faculdade e fiquei encantada.
Beijos girl power, Nada Leonina